quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Para onde vai o romance contemporâneo?


"(...) O romance do futuro, aqueles para onde apontam os caminhos esboçados no nosso tempo (porque não pretendemos ser profetas), é o romance que aproveita as lições do passado, desprezando o que é inútil ou falso. A lição do romantismo, que coloca o homem como fulcro de toda a acção. A lição do realismo que dá a devida importância aos fenómenos exteriores. A lição do romance psicológico, que se ocupa do homem em «verticalidade», em profundidade, numa pesquisa dos actos e pensamentos humanos até às verdadeiras molas interiores do consciente para o subconsciente. A lição do naturalismo, que não tem medo de dizer a verdade, não recua perante certos «meios», certos ambientes. A lição do romance social que lembra, subtraídos os exageros e o parcialismo da escola, o factor económico na mentalidade humana. A lição do existencialismo, que coloca o homem numa posição metafísica, não esquecendo o sentido da sua existência. (...) julgamos que o romance do futuro não deixará de se ocupar da filosofia que actua, como pano de fundo, por detrás do homem, no plano de vivência da «realidade humana». (...)"

António Quadros
 "Para onde vai o romance contemporâneo?"
Revista Lusitânia, Documentário da Vida Portuguesa, nº1, pp.7-16.
(Maio de 1948)

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