quarta-feira, 31 de março de 2010

"A situação pedagógica e a ideia de morte"

"[...] Admitindo, contudo, que, relativamente à essência, a lei eliminou a morte, resta ainda o amplo domínio da existência, onde os reflexos legislativos não chegam para iluminar as consciências. É que a morte tem a sua estática e a sua dinâmica, não por si, que o nada não possui movimento próprio, mas pelas consciências que do nada se apercebem. [...]"

Afonso Botelho, Revista Espiral número duplo 8/9 p.38

quarta-feira, 24 de março de 2010

O «Eros e Psique» de Pessoa, proposta de uma hermenêutica

"[...] A Princesa dorme sempre e sonha; sonha com o Príncipe ou Eros que a virá libertar. Mas, dentro do sonho, o Príncipe descobre que não é outra coisa senão a própria Princesa, e, portanto, que ele próprio não tem realidade, sendo ilusórias as provas vencidas. Adormecida ou inconsciente, a Princesa ou a Psique projectou-se para um caminho iniciático que a levou à descoberta da sua solitude essencial; o Príncipe ou Eros não representava afinal outra coisa do que o desejo vão de um outro que não existe. E daí, porque o outro não tem realidade, porque é unicamente uma emanação do sonho ou do pesadelo, torna-se-lhe um fantasma. [...] O Príncipe e a Princesa, Eros ou Psique, brevemente se separam, mas para uma iniciação vital, cujo termo foi o regresso à casa do eu, foi o reencontro e a fusão última e definitiva do que devém e se projecta com o que é e está. Agora, o Neófito ou o Inciado está pronto para aceitar totalmente o ascetismo, a santidade e o heroismo de uma missão de inteiro compromisso, sem partilhas, sem distracções, sem divisões, no voto de castidade e de privação dos antigos cavaleiros. [...]"

António Quadros, Revista Persona, nº 4, 1981, pp. 37-42

terça-feira, 23 de março de 2010

João Alves das Neves sobre António Quadros

"[...] o que mais me aproximou de António Quadros foi o seu fervor pelos mil e um aspectos da Cultura Portuguesa. com relevo para as relações entre os 8 paises de idioma comum, perfeitamente caracterizados nos seus artigos e livros. É claro que um dos nossos temas ´preferidos foi a obra de Fernando Pessoa, mas os seus comentários sobre o diálogo cultural luso-brasileiro despertaram-me o maior interesse.
Em 1988, coordenamos na Academia Paulista de Letras, em São Paulo, o I Encontro de Estudos Pessoanos, do qual participaram destacados ensaístas brasileiros e portugueses, assinalando, entre outros, João Gaspar Simões, Teresa Rita Lopes e António Quadros, conforme ilustra a revista cultural Comunidades de Língua Portuguesa (agora, com 22 volumes publicados!). Foi no decurso desse diálogo lusíada que da admiração intelectual passamos à amizade. [...]"
João Alves das Neves
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segunda-feira, 22 de março de 2010

Pela mão de António Quadros

"[...] Sim, foi António Quadros quem me deu a conhecer a filosofia portuguesa, quando ela já era um corpo sedimentado e sistematizado. Pela sua mão fui percorrendo os caminhos de um Leonardo Coimbra, Álvaro Ribeiro, Santana Dionísio, José Marinho, para chegar a Brás Teixeira, Sinde Monteiro, Elísio Gala, a tantos outros que estou a ofender não lhes mencionando o nome. Conheci entre os vivos apenas Pinharanda Gomes, porque o entrevistei. O meu modo isolado de ser vedou-me outras companhias. Guiado pelas veredas íngremes da saudade e pelas alturas da Tradição, desvendando lápidas ocultas e submetido a sortilégios e outros encantamentos de um mundo maravilhoso, foi sobretudo através dele que aprendi que só há uma filosofia magnífica da existência fora do que sofremos ser o raquitismo do existente, nas terras a que a razão não ascende, de que o racional ignora os segredos. [...]"
José António Barreiros
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segunda-feira, 15 de março de 2010

Nova Águia nº 5


 
Colaboradores 5º Número:
Adriano Moreira, Afonso Rocha, Alexandre Gabriel, Alfredo Ribeiro dos Santos, António de Abreu Freire, António Cândido Franco, António Carlos Carvalho, António José Borges, António Quadros Ferro, António Telmo, Apolinário Guterres, Artur Manso, Carlos Dugos, Casimiro Ceivães, Cátia Cunha, Cristina Leonor Pereira, Délio Vargas, Duarte Drumond Braga, Fátima Valverde, Fernando Echevarría, Fernando Guimarães, Henrique Gabriel, Henrique Madeira, Isabel Guimarães, Jesus Carlos, João Carlos Raposo Nunes, Joaquim Domingues, Joaquim M. Patrício, Jorge Telles de Menezes, José da Costa Macedo, José Gama, José Lança-Coelho, José Rodrigues, Lúcia Helena Alves de Sá, Luís de Araújo, Luís Filipe Pereira, Manuel Ferreira Patrício, Manuel J. Gandra, Maria Celeste Natário, Maria Luísa de Castro Soares, Maria Luísa Francisco, Miguel Real, Nuno Freixo, Nuno Rebocho, Nuno Sotto Mayor Ferrão, Pablo Javier Pérez López, Paulo Borges, Paulo Feitais, Paulo Jorge Brito e Abreu, Pedro Baptista, Pedro Martins, Pedro Teixeira da Mota, Pinharanda Gomes, Renato Epifânio, Ricardo Sousa, Ricardo Ventura, Ruela, Rui Lopo, Rui Martins, Sam Cyrous, Samuel Dimas, Sofia Vaz Ribeiro.


quinta-feira, 4 de março de 2010

Mircea Eliade Revisitado

Noite evocativa do 103º aniversário
do nascimento de Mircea Eliade.

FLAC Produções & Die Elektrischen Vorspiele apresentam:
Mircea Eliade revisitado

Programa:

* Performances de Wolfskin, Stalker Vitki e Plateau Omega;
* Escolhas musicais a cargo de Bilic, Julius e Team Kali;
* Projecção de três filmes inspirados em obras de Mircea Eliade: ‘Uma Segunda Juventude’,
‘Domnisoara Christina’ e ‘Eu Sunt Adam’.

13 Mar. 2010 22h30min. Fábrica de Som
Av. Rodrigues de Freitas, 23-27
4300-456 - Porto

terça-feira, 2 de março de 2010

própria e individual

"[...] Em última análise penso, muitas vezes, caro Afonso Cautela, que todos nós, há 5000 anos ou nos dias de hoje, no Tibete ou em Lisboa, tivemos e temos em frente de nós o mesmo inevitável apocalipse: o da nossa própria morte individual. E é a nossa única certeza histórica...[...]"

António Quadros, Diário Popular, 24-01-1974