terça-feira, 7 de setembro de 2010

Entrevista de António Quadros a Álvaro Ribeiro

 "[...] Sentámo-nos e a paragem na continuidade da conversa deu-lhe insensivelmente um outro rumo. Um assunto na ordem do dia, depois da polémica entre José Régio e José-Augusto França, depois do «57» e das tempestades que em sua volta se levantaram, é o dilema - falso dilema, quer-me parecer - entre o nacional e o universal. Pergunto a Álvaro Ribeiro entre dois golos de um refresco:

A.Q: Um dos grandes argumentos - recentemente invocados em afirmações culturais de diversa origem contra a existência de filosofias nacionais e, consequentemente da filosofia portuguesa, é o de que o pensamento é universal... O que diz o Sr. Dr. sobre este tema?

A.R: Compreendo e respeito o ponto de vista, mas não me é possível perfilhá-lo. A simples experiência quotidiana ensina que o universal é recebido pelo espaço e pelo tempo. Além dessas limitações naturais, históricas e geográficas, existem hoje limitações técnicas, artificiais, como o falso ideal de um absurdo humanitarismo abstracto, que alguns querem impor pela força, para substituir o ideal da fraternidade universal. Ora repare que até os irmãos são diferentes.

"O testemunho de Álvaro Ribeiro", in Jornal 57, nº 3-4, p. 7.(Dezembro, 1957)

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