sexta-feira, 9 de maio de 2008

"(...) Tento em vão abrir os olhos. Há como que uma fina volúpia neste estonteamento, nesta nebulosidade. Batem à porta. Quem está aí? Sinto uma mão que, subtil, pousa no meu ombro. Escuto uma voz com uma inflexão recôndita e meiga. Conheço-a. Um frémito, uma aragem, uma vaga claridade. Alguém me disse um dia: vem, João. Outrem me solicita, agora: vem. É uma voz interior ou exterior? Há uma sombra morna e doce, há um perfumoso afago de cabelos inefáveis. Há uma frescura de asas. Há uma vaporosa, ondulosa coluna que me leva consigo, condescendente nos flutuantes movimentos do meu corpo. Vou. "

António Quadros, Uma Frescura de Asas

1 comentário:

lupuscanissignatus disse...

lê-se com

a

"frescura

de

asas"